Lutas pelo poder no Sporting Versão para impressão

A Torcida Verde tem uma vivência do Sporting Clube de Portugal que exige um distanciamento formal em relação a todas e quaisquer lutas pelo poder. Assumimos uma posição de respeito (institucional) pelos órgãos sociais da Instituição e pela liberdade de consciência de cada um dos nossos membros.

Este nosso principio que na Torcida Verde sempre preservámos, não significa qualquer posição de reverência cega ou qualquer submissão perante os dirigentes do Clube. O natural e desejável respeito pelos órgãos sociais do SCP está relacionado com a dignidade que os eleitos devem merecer no campo Institucional. Tal não significa que na Torcida Verde deixemos de estar vigilantes e atentos em relação o quotidiano do nosso Grande SCP, como desde sempre.

Notáveis

No final da década de 80 vivemos uma experiência fundamental e determinante no que diz respeito a esta temática. O Clube vivia momentos muito complicados, em termos financeiros e atravessava uma grave crise. Mais grave ainda parecia ser o imobilismo e o situacionismo em que parecia navegar a grande nação verde e branca.

Do nevoeiro, desponta em 1987, qual D. Sebastião, Jorge Gonçalves descoberto por "notáveis" dirigentes do Clube e apresentado como o misterioso "Tio da América" financiador do Clube.

A contratação do holandês F. Rijkaard por Jorge Gonçalves para o SCP foi envolta numa incompreensível polémica que teve lugar no início do Outono desse ano e terminou já em 1988.

A incrível suspensão federativa da inscrição do futebolista Holandês pelo SCP causou uma onda de indignação nos dirigentes de então e sobretudo nos adeptos, ávidos de vitórias que lhes fugiam desde 1982.

Esta suspensão da inscrição de Rijkaard pela FPF, presidida por um "conhecido notável sportinguista" pertencente ao Conselho Leonino, Silva Resende, fez aumentar as especulações acerca de uma "teoria da conspiração" que envolvia ex-dirigentes do clube nada interessados na aquisição do futebolista holandês.

Entretanto, a época do Futebol decorria de forma penosa, com o SCP em sérios riscos de não se apurar para as provas da UEFA. O clima no Clube era dramatizado pelas inacreditáveis guerras internas envolvendo os "notáveis" do Sporting o que originou uma onda popular e quase espontânea de apoio a Jorge Gonçalves para a presidência do SCP. Este parecia significar o "remédio para todos os males".

Na recta final da conquista do lugar para a Taça UEFA, Jorge Gonçalves, já em campanha, mobilizou milhares de adeptos para as decisivas deslocações a Elvas e Salgueiros, às quais na Torcida Verde aderimos. Na verdade, na deslocação a Salgueiros, pela primeira vez enchemos 4 autocarros, num total de 25 da campanha de Jorge Gonçalves. Desta forma, a Torcida Verde aderia quase espontaneamente e também emocionadamente à campanha do candidato em causa.

Entretanto, a direcção cessante enviara-nos de forma "apressada" o diploma de núcleo, há muito prometido, o que nos deixou perplexos.

A retumbante vitória de Jorge Gonçalves com cerca de 65% da votação seria a demonstração imparável de adesão dos adeptos à mensagem sebastianica para o Clube.

A época 88/89 da presidência de Jorge Gonçalves foi um grande "abre olhos" para a "realidade dos bastidores" na instituição.

O facto de sermos pela primeira vez reconhecidos pelo Clube de forma oficial, permitiu-nos o envolvimento em tarefas, assim como o relacionamento "complicado" com dirigentes, futuros ex-dirigentes,"notáveis", candidatos a dirigentes e a "notáveis".

Este foi um processo que se iniciou em 1988 e se foi prolongando com episódios contraditórios, mesmo indignos e lamentáveis.

Com as devidas e honrosas excepções, podemos afirmar que nos deparámos, por diversas ocasiões, com "figuras e figurões" apenas centradas nos seus próprios interesses e sempre com o único propósito em "manietar e manipular" para alcançar ou manter o "poder".

A presidência de Jorge Gonçalves seria muito turbulenta, cessando cerca de um ano depois, ainda em 1989.

Podemos dizer que as contradições inerentes ao complicado mundo dos bastidores leonino exigem da parte da Torcida Verde o total afastamento das guerras de poder e de bastidores, as quais muitas vezes têm minado a afirmação e a expansão do nosso Clube.

Nunca nos afirmámos como um lobby dentro da instituição no sentido de ganhar poder. A Torcida Verde é composta por adeptos cuja única ambição é de exercerem exclusivamente a condição de adeptos que rejeita completamente qualquer estatuto especial ou o "assalto ao poder".

Da mesma forma também nunca aceitámos estar ao serviço de qualquer grupo de interesses ou de pressão na órbita do SCP. A Torcida Verde nunca pretendeu ser uma espécie de juventude partidária, cujos membros ambicionam tomar balanço para ascenderem ao poder na instituição.

Por norma, na Torcida Verde temos o cuidado de não nos deixar "arrastar" para iniciativas susceptíveis de serem instrumentalizáveis para o tal "assalto ao poder". As nossas iniciativas são fruto exclusivo da nossa consciência Clubista.

Algumas das tomadas de posição, por vezes "incómodas", que desenvolvemos, ocorrem em momentos de euforia do Futebol e consequentemente do Clube também. Maior exemplo foi a coreografia realizada pela Torcida Verde aquando da conquista do título futebolístico de 2002 que apelava ao reforço do Ecletismo. Quando as coisas aparentam "estar bem" é que é difícil, mas fundamental, intervir, meter o dedo na ferida.

Quando o futebol vai mal, a crise instala-se, aparecem as vozes "críticas", aproveitando o descontentamento popular, colando-se de forma oportunista a posições que nunca tiveram. Dizem o que os adeptos querem ouvir, de forma quase sempre populista. No fundo, reivindicam mais do mesmo, isto é, parecem querer "apenas" o poder pelo poder.

A nossa intervenção situa-se sempre no quadro construtivo e responsável, jamais manipulável e instrumentalizavel. Esta nossa dimensão confere-nos, no limite, a legitimidade para "tomar posição" em relação a matérias das quais jamais abdicaremos; independentemente de conjunturas mais ou menos "complicadas".

A defesa dos valores e da História do SCP, a salvaguarda dos direitos dos sócios e adeptos do clube como instituição multi-desportiva de grande implantação popular.