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Entrevista ao Eng. Gilberto Borges


Ecletismo Verde e Branco!


Entrevista ao Eng. Gilberto Borges

Sábado, 11 Julho 2015

No rescaldo do estrondoso êxito da conquista da Taça CERS decidimos entrevistar o Eng. Gilberto Borges, que é a cara (e corpo) do Hóquei Leonino, a quem agradecemos a disponibilidade para responder às nossas perguntas.

1 - Em Maio de 1995 Sousa Cintra deixa a presidência do SCP, tendo-lhe sucedido Santana Lopes que de imediato decreta a extinção de modalidades como o voleibol e o hóquei em patins começando assim a travessia no deserto desta modalidade histórica que conquistara 5 títulos europeus para o SCP.

Na Torcida Verde nunca nos resignámos com tal afronta à história do SCP e na primeira edição dos prémios Torcida Verde, redes homenageamos o ex jogador Júlio Rendeiro, por forma a não deixar cair a modalidade no esquecimento.

No final da década de 90(1999) o hóquei retorna ao clube tendo como casa mãe o pavilhão do Sacavenense. Na Torcida Verde acompanhámos de perto o retorno do cinco verde e branco num período em que no clube se vivia sob o domínio avassalador da futebolização. Quer abordar essa experiência que terminou no ano 2000 com nova suspensão da modalidade?

A nova suspensão da modalidade ocorre em Maio de 2005 depois de um grupo autónomo ter falhado na gestão de um projecto que conduziu o Sporting à 1ª divisão após 4 anos na 2ª divisão. É na gestão Dias da Cunha que acontece este episódio e entendeu o Clube que o que se passava no hóquei em patins com uma sublevação dos atletas e demais staff por incumprimento de responsabilidades por parte de quem geria o projecto, afectava a imagem do Clube e resolveu retirar os direitos de uso do símbolo e do nome o que acarretou a suspensão da equipa sénior que disputava a manutenção na 1ª divisão. E tinha qualidade para poder fazer uma classificação razoável.

2 - Perante um silencio transversal da nação verde e branca, na Torcida Verde intervimos com a colocação de uma frase contundente no primeiro jogo do futebol, ainda na pré época. Dentro do Clube quais foram as reacções a esta nova suspensão?

O Clube entendeu que a responsabilidade do estado a que chegou a secção de hóquei não era sua por a mesma ser autónoma. O que é facto é que a situação de sucessivas sublevações da equipa em Fevereiro e Março de 2005 trouxe o Sporting para a Comunicação Social e entendeu o Clube que não havendo intervenção directa do Clube e visto que o grupo autónomo não arranjava soluções a única alternativa foi a suspensão da equipa junto da FPP, o que veio a acontecer em 19 de Maio de 2005.

3 - Em Outubro de 2000 iniciou-se nova experiência que teve um inicio tão enigmático como surpreendente. Dizemos isto porque o capitão de então (Pina) contactou-nos para o primeiro jogo em Sacavém numa 6ª feira quando o jogo era sábado. Tentámos confirmar junto do clube e o desconhecimento era total. Desconhecimento e azia... Como foi esse reinicio?

Desconheço esses detalhes. Apenas que nessa data apenas acompanhava o nosso hóquei patins como adepto em Sacavém.

4 - Em 2004 finalmente o regresso ao principal escalão da modalidade. Na primeira divisão novas perspectivas com um inicio de época brilhante com sonantes (e dispendiosas) contratações. Quando faltavam 5 jornadas para o final da competição, o SCP vivia uma das páginas mais infames da sua história, com nova suspensão da modalidade que ditaria derrota por falta de comparência nas jornadas que faltavam. Na Torcida Verde, emergiu um sentimento de profunda revolta. Foi um momento em que no SCP vivia-se a euforia de uma época futebolística que perspectivava grandes conquistas e com a final da Taça UEFA disputar-se em Alvalade. Um imenso "apagão" abateu-se uma vez mais sobre a família verde e branca. Como viveu o difícil momento posterior á inapelável suspensão da modalidade? Tiveram demonstrações de solidariedade?

Nessa fase já me ocupava da formação que ainda funcionava de forma incipiente pois começámos em 2003 ainda em Sacavém. À data da suspensão apenas tínhamos escalões até Iniciados, já começados no Clube. Obviamente que todos nós que acompanhávamos o hóquei em patins não esperávamos este fracasso do projecto sénior. Verificámos depois que o mesmo se ficou a dever a problemas financeiros na gestão de um plantel que se reforçou bastante com nomes sonantes e caros, para a época.

Não estando o Clube envolvido no projecto obviamente que a solidariedade, quer dos sócios, quer de patrocinadores saiu enfraquecida e não foi possível sequer acabar a época de forma autónoma pelo que o Sporting desistiu da prova nas últimas jornadas da prova.

5 -Posteriormente nasce uma centelha de esperança com a constituição de uma Associação que suplicou autorização aos dirigentes do SCP para poderem potenciar o nome do clube para a prática da modalidade. Sem quaisquer custos. Seria o primeiro passo que apostava exclusivamente nos escalões de formação. Momentos certamente presentes na sua memória...

Não foi fácil avançar com uma Secção Autónoma, autosuficiente financeiramente e com objectivos bem definidos para um período de 5 anos ( 2005 a 2010). O Conselho Directivo de Dias da Cunha aprovou o projecto pois o mesmo era destinado a fazer progredir os jovens que tínhamos à data de suspensão dos seniores. E nesse 1º ano fomos Campeões Nacionais de Infantis, no Entroncamento.

Nessa época o escalão locomotiva eram Iniciados e a Secção contava com 35 jogadores federados e mais 15/20 na iniciação, a trabalhar já na Casa do Gaiato, no Tojal, depois de uma época anterior entre a Parede e Campo de Ourique.

6 - Desde a primeira hora, a Torcida Verde este presente neste período de quase clandestinidade, tendo-se formalizado um protocolo entre ambas as partes que seria alargado aos miúdos do hóquei e da casa do gaiato e que viria a possibilitar inclusive patrocínios para equipes de formação. No Tojal, na casa do gaiato desenvolveu-se um projecto que resultaria para já na conquista da 3ª Taça CERS para o SCP em Abril de 2015. Estará certamente orgulhoso deste caminho?

Muito orgulhoso deste caminho de 12/13 anos com projecto jovem ganhador que conduziu o hóquei patins a seniores. Em apenas duas épocas subimos da 3ª à 2ª e depois à 1ª divisão. Estivemos duas épocas de forma autónoma a lutar na 1ª divisão pela manutenção.

A 8 de Junho de 2014, o actual CD e muito pela mão do nosso Presidente Bruno de Carvalho, o hóquei em patins sénior viu o seu reconhecimento como Modalidade Oficial do Clube. Foi importante esta alavancagem por parte do Clube, condição necessária à boa prestação na época corrente que culminou na conquista da CERS.

A Torcida Verde teve uma importância vital numa fase do projecto da Formação com as parcerias que estabeleceu connosco ao nível dos nossos atletas (eram todos sócios do SCP através da Torcida). Não esquecemos que as actuais bancadas do Tojal e outras melhorias tiveram a "mão" da Torcida que sempre esteve empenhada neste apoio ao renascimento do hóquei, pela base.

Destaco também a boa colaboração da Torcida com a Casa do Gaiato, com doações der material desportivo e presente em acções sociais e humanitárias nessa instituição. E foi da Torcida que vieram depois alguns apoios/patrocínios a alguns dos nossos escalões.

7- Na Torcida Verde, a luta pelo pavilhão foi outra das bandeiras mais marcantes da última década. Temos insistido que com um pavilhão em Alvalade muitos mais títulos nacionais e europeus poderiam embelezar a nossa sala de troféus. Foram realizadas várias iniciativas no sentido de denunciar esta gritante lacuna. Presentemente o hóquei disputa os jogos como visitado no Livramento,a 42 kms do estádio Alvalade. Certamente anseiam pela construção do novo pavilhão? Uma urgência, até para potenciar a mais recente conquista europeia?

O Pavilhão será fundamental para as nossas modalidades de pavilhão. Unirá a família em torno da nossa casa principal e fará dos fins de semana uma festa da família verde e branca. Se hoje sem casa já ganhamos títulos, com a nossa própria casa ainda seremos mais vencedores.

Temos que ser respeitados em casa própria e fazer dela um handicap permanente para os nossos adversários. A nossa força é brutal e isso sentimo-lo mesmo jogando fora de casa. Temos um público único, fiel, indefectível e que ama os nossos atletas. É desta simbiose que o Clube melhorará a sua posição como maior potência desportiva nacional e seremos muito mais sócios a contribuir para a grandeza do nosso Sporting CP.

8 - Como vê o futuro do Hóquei no nosso clube?

O hóquei do Sporting CP está bem e recomenda-se. Tem uma estrutura sénior competente e com argumentos para os objectivos a que nos propomos e que são vencer em todas as frentes. Por outro lado, também está bem estruturado em termos de Formação, com todos os escalões a competir nos Nacionais e candidatos às final 4.

9 - Sente-se confortável com o que dispõe no presente?

O que temos, presentemente, deu-nos uma época muito positiva e que já culminou com um título europeu. Mas ainda queremos outras conquistas. Não queremos defraudar a aposta do Presidente nem desta Direcção que amam, claramente, esta Modalidade e sentimos isso no dia a dia.

10 - Na sua opinião o crescimento desta equipa , ganhará em breve a legitimidade e a ambição de alargar os seus objectivos (com a independência do estrondoso feito da conquista da Taça CERS)?

Os objectivos do Sporting são sempre o de conquistar as provas onde compete. A Taça CERS foi um primeiro passo. Honrado o passado onde conquistámos tudo, pensamos o presente para um futuro que seja o nosso reposicionamento ao nível do que sabemos fazer que é vencer.

11- Ambiciona caminhar lado a lado com o Sporting no futuro da modalidade?

Obviamente que sim e espero ter saúde e competência para poder servir o Sporting CP na plenitude de toda a minha dedicação e amor ao Clube.


 

 

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